quinta-feira, 9 de junho de 2011


Quem um dia irá dizer que existe razão  nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer  que não existe razão?  Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar  ficou deitado e viu que horas eram  enquanto Mônica tomava um conhaque  noutro canto da cidade  como eles disseram.  Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer  e conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer  foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse  - Tem uma festa legal e a gente quer se divertir. 
 Festa estranha, com gente esquisita 
 - Eu não estou legal, não aguento mais birita.
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais  sobre o boyzinho que tentava impressionar  e o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa.
- É quase duas, eu vou me ferrar
Eduardo e Mônica trocaram telefone  depois telefonaram e decidiram se encontrar  o Eduardo sugeriu uma lanchonete  mas a Mônica queria ver o filme do Godard.  Se encontraram então no parque da cidade  a Mônica de moto e o Eduardo de camelo.  O Eduardo achou estranho e melhor não comentar  mas a menina tinha tinta no cabelo.  Eduardo e Mônica eram nada parecidos  ela era de Leão e ele tinha dezesseis.  Ela fazia Medicina e falava alemão  e ele ainda nas aulinhas de inglês, ela gostava do Bandeira e do Bauhaus  de Van Gogh e dos Mutantes do Caetano e de Rimbaud.  E o Eduardo gostava de novela  e jogava futebol-de-botão com seu avô . Ela falava coisas sobre o Planalto Central  também magia e meditação,  e o Eduardo ainda estava  no esquema "escola, cinema, clube, televisão".
E, mesmo com tudo diferente  veio mesmo, de repente  uma vontade de se ver  e os dois se encontravam todo dia  e a vontade crescia  como tinha de ser.  Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia  teatro e artesanato e foram viajar,  a Mônica explicava pro Eduardo  coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar.  Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer  e decidiu trabalhar  e ela se formou no mesmo mês  em que ele passou no vestibular.  E os dois comemoraram juntos  e também brigaram juntos, muitas vezes depois  e todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa  que nem feijão com arroz.  Construíram uma casa uns dois anos atrás  mais ou menos quando os gêmeos vieram, batalharam grana e seguraram legal  a barra mais pesada que tiveram.  Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília  e a nossa amizade dá saudade no verão,  só que nessas férias não vão viajar  porque o filhinho do Eduardo  tá de recuperação. E quem um dia irá dizer que existe razão  nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer  que não existe razão?
                                                                                                              Eduardo e Mônica - Legião Urbana

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