sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Valorize ou fique sem.

Café a dois

Vou guardar os teus soluços mais delicados, teus olhos e teus casacos de fio. Vou guardar os teus sorrisos apaixonados, teu jeitinho de me fazer sorrir, mesmo quando só faz frio. Eu vou guardar os teus cabelos tao bagunçados, a noitinha antes da gente ir dormir. Vou guardar tuas vitorias e os teus pecados e as historias que eu gostava de ouvir, naquelas tardes de sol. . nas manhas de sol.. E eu vou guardar tuas manias e os teus errados, teus trejeitos e as covinhas ao rir. Vou guardar os teus sossegos mais agitados, teu jeitinho de me fazer sorrir, mesmo quando não faz sol, não faz sol.. E quando eu não lembrar de mais nada, nem das rugas, nem dos anos, nem dos nomes, e nem do frio, vou querer te contar como foi o meu dia. E passear te dizer o que eu quero pro jantar, descançar desse dom de viver só pras lembranças por nao ter mais nada pra guardar, vou poder me sentar. E tomar um café a dois, sem nunca mais vivê - lo só depois..
(Ana Laurosse - Café a Dois)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013




“Três horas e trinta e três minutos e nada acontece. Meus olhos no teto desde as três e nada acontece. Uma espécie de nada multiplicado a vazios, ambos vencem, mas isso não é questão de vencer é só de aguentar. 
Meu avô fumava charuto e eu fico só nos cigarros baratos, se ele me visse agora riria pra burro. 
Eu conheço gente que diz se encaixar em todos os lugares e eu vivo repetindo que não mereço lugar algum, com crateras abaixo dos olhos e meu declínio em rabiscos espalhados em todos os lugares. 
Tô sem paciência pra qualquer bad romance, qualquer discursão sobre filosofia ou política e essas chatices de lições de moral de quem acha que tem uma. Tô sem um pingo de porra de saco pra coisas boas ou ruins, nem pra meio termo e duvidas. O meu negócio ainda é o nada e às vezes essa é a dose certa no copo errado. Sou só uma criança com pedaços de unha nos dentes e a língua com gosto de vinho chorando saudade. Um sufoco, e eu ainda consigo respirar, fazendo uma porrada de coisas em seguida e jogando tudo nas costas como quem diz “segura aí baby, um dia acaba, mas segura aí”. Escuto as mesmas músicas todos os dias e não tenho discos favoritos e nem uma música predileta, embora morrer escutando Edith Piaf pareça legal, embora voltar a vida ao som de Cazuza seja ainda mais excitante. 
Eu toparia sair com qualquer psicopata hoje, pra matar ou ser morta, pra explodir a cidade ou espalhar pedaços de cânceres por aí. Eu aceitaria cair em qualquer corrente só pra esquecer a sensação de como é ter os pés pra trás quando todos andam pra frente; o foda é que a frente deles é essa careta que eu não aguento encarar sem ter náuseas. Então eu encho o estômago de vinho e não consigo encher a cara, decido escrever e encher o saco. O teu, o meu e sei lá.”


( Raquel )

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

memórias

Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos... 
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...  
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados... 
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo... 
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! 
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos... 
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo... 
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... 
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
(Vinícius de Moraes)