sábado, 25 de agosto de 2012

— Amor, tu ainda tem bala?
— Aham mas só uma.
— Ah, mas eu só quero uma mesmo. Ele sorri de lado.
— Vai me dar ou não?
— Não.
— Então me dá dinheiro pra eu comprar.
— Você não tem dinheiro Isabella? Você veio pro shopping sem um centavo? Isso mesmo?
— Thomas você começou a namorar comigo sabendo da minha situação financeira precária.
— Não fala merda vai.
— Merda. Ela ri.
— Nossa que engraçada que você é. Pega o dinheiro vai comprar. Ele oferece uma cédula de dois reais pra ela.
— Eu tenho dinheiro né seu trouxa.
— Idiota.
— Aham, você é mesmo!
Ela vai comprar bala, e ele fica a esperando.
— Voltei amor… Sentiu minha falta?
— Aham, aham… Demais. Amor, tá vendo aquela loirinha alí sentada? 
— Aham tô.
— Linda ela né?
— Linda? Linda? Ela é perfeita Thomas. Viu a bunda dela?
— Não né, por que ela tá sentada.
— A boca dela é linda.
— A tua é mais.
— Claro que não Thomas. A dela é carnuda rosadinha. Linda.
— Tanto faz. Nossa
como tu tá interessada nela.
— Mas é porque ela é muito bonita. Viu como ela se veste bem?
— Eu também me visto bem, olha.
— Aham, Thomas claro que sim.
Ela continua a olhar a menina.
— Para, porra!
— Com o quê?
— De olhar essa menina, ela nem bonita é. Cabelo oxigenado, blusa mostrando o útero, sorriso falso, cara de put…
Ela o interrompe.
— Vai lá falar com ela Thomas.
— Anh? Do que você tá falando? Você bebeu não foi? Só pode. Vem cá deixa eu sentir teu hálito. 
Ela ri.
— Para de idiotice garoto. Vai lá 
falar com ela, pergunta se ela topa fazer sexo á três. Fala que a gente é legal e tudo mais.
Ele a encara.
— O quê que colocaram no seu almoço? Maconha? Só pode. Vem, vamos sair daqui.
Ele a puxa pelo braço.
Ela dá uma risadinha de lado.
— Ei mô.
Ele fica em silêncio.
— Thomas tô falando contigo, dá pra olhar pra mim? 
Ele a olha e em seguida fala:
— Tô te olhando, o que é?
— Mas tu é muito babaca mesmo.
— Sou é?
— Claro que é. Ela ri. Você tá aí com cara de quem comeu e não gostou, porque tá com ciúmes.
— Não viaja.
— E sabe o mais rídiculo de tudo isso?
— Hm… Sei não, conte-me.
— Idiota. Ela ri. — Você ficou com ciúmes da menina que você queria usar pra me fazer ciúmes. Rídiculo né?
— Rídicula foi tu fazendo aquilo tudo, chamando a menina de gostosa e tudo mais. Eu e eu não queria te fazer ciúmes, quem disse?
— Eu sei. Eu te conheço. E também aquela menina merecia aqueles elogios ela era linda. Tudo que eu falei era verdade.
— Tudo?
— Aham. Tudinho.
— Até aquilo… Do…
— Do o quê, Thomas Levi Oliveira Trajano?
Ela cruza os braços.
— Esquece, amor.
Ele ri. Ele a beija. Ela o empurra.
— Diz.
— Não.
— Olha que eu vou embora hein. 
— Tá… Até a parada do sexo á três?
— Ah sim. Claro, isso era a maior verdade. Vai lá falar com ela amor, acho que ela ainda deve estar lá.
— Sério amor? Sério mesmo?
— Não Thomas! Aquieta esse teu faxo aí garoto. Teus olhos tão brilhando, Deus do céu que tarado que tu é.
— Boba.
— Tudo isso por causa de uma bala né? Que casal maduro nós somos.
— Ah é mô, e em falar em bala vou chupar a minha última.
Ele procura no bolso a última bala. E acaba achando duas.
— THOMAS TU TEM DUAS BALAS? ISSO MESMO?
Ele a olha desconfiado. Com um sorrisinho de lado.
— Desculpa?
— Thomas morre.
— Vish.
— Vish o caralh…
Ele a interrompe.
— Mocinhas não falam palavrão.
— Mocinhas que estão putas com seus namorados babacas, falam sim.
— Não sou babaca.
— Ah não é babaca não, é mãozinha.
— Eu não sabia que tinha duas balas, amor da minha vida.
— Hm.
— Dois.
— Me dá uma bala.
— Mas tu não comprou?
— Mas eu quero a sua.
Ele ri. E dá a bala pra ela.
— Obrigado amor.
— Nunca vi alguém fazer tanto caso por um bala. Um casal começar uma discussão por uma bala. Nunca.
— Eu sou diferente, somos um casal diferente.
— Por isso gosto tanto de ti. Por isso gosto tanto da gente.
Ela baixa a cabeça.
— Tu gosta de mim?
— Gosto.
— Só gosta?
— O que você quer que eu diga?
— Que me a… Esquece. Vamos, quero ir pra casa.
Ela sai na frente. Ele continua no mesmo lugar.
— Ei! Ele grita.
— Vem logo!
— Eu te amo.
— Anh?
— Eu-te-amo. Não tá ouvindo? Eu vou gritar. Olha eu vou gritar aqui no shopping. — EU TE AMO ISABELLA! Ele berra, e todos olham pra ele. Ela vai correndo pra onde ele está, falando:
— Para idiota, tá todo mundo olhando pra gente. Ela põe a mão na boca dele. Ele morde.
— Ai!
— Eu te amo.
— Thomas, já entendi!
— Não vai dizer nada?
— Também te amo, seu idiota. Opa. Meu.
— Seu. Eu sou o teu idiota. O idiota que você ama.
Ela sorri. Ele a beija. Foi o primeiro “eu te amo”, a primeira discussão idiota, a primeira vez que ele fez ela passar vergonha em público. Primeiras vezes que serão seguidas de outras várias.

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